sábado, 15 de dezembro de 2018

PF APURA CRIME DE RACISMO EM PUBLICAÇÕES SOBRE RESGATES DE URSOS EM CANINDÉ


Procedimento instaurado, em âmbito cível, também deverá investigar possível campanha difamatória contra Canindé praticada por ONG

O Ministério Público Federal (MPF) instaurou procedimento investigatório criminal para apurar a prática de crimes cometidos por meio da Internet, com ofensas e declarações racistas proferidas contra integrantes do Santuário de São Francisco, zoológico do município de Canindé, localizado no Sertão Central cearense. A investigação aponta possível crime de racismo praticado contra o povo de Canindé e do estado do Ceará, após campanha de "resgate" realizada pelo Instituto Luisa Mell, organização não governamental (ONG) de proteção animal.

Além da investigação criminal, o MPF também instaurou procedimento de âmbito cível para apurar possível violação à proteção do patrimônio cultural e material do município de Canindé, resultante de atos praticados pelo Instituto Luisa Mell. Por meio da rede social Instagram, a presidente da ONG, Luisa Mell, que tem mais de um milhão de seguidores, estaria realizando campanha difamatória contra o município cearense durante uma ação de resgate de ursos pardos que vivem no Santuário de São Francisco.

Em despacho assinado pelo procurador da República Adalberto Delgado Neto, o MPF destaca o histórico da construção do zoológico que abriga os ursos pardos, relacionado à religiosidade de Canindé, município com tradição de devoção a São Francisco, conhecido como santo protetor dos animais.

No procedimento, o MPF também pede providências à Câmara de Vereadores de Canindé quanto à proteção do patrimônio cultural do município, considerando que Canindé é destino cultural e religioso e que o Santuário de São Francisco foi fundado após romeiros, em peregrinação, levarem animais para dedicar a São Francisco.

Competência - No procedimento instaurado, o procurador Adalberto Delgado destaca que não é competência do MPF apurar as condições de vida dos ursos e demais animais que vivem no zoológico, e sim do Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE). O MPF ressalta, porém, que, no caso em análise, a Secretaria do Meio Ambiente do Ceará (Semace) já emitiu laudo afirmando a conformidade do empreendimento com a legislação aplicável. "Então, mesmo que fosse de competência do MPF, há laudo técnico amparando o funcionamento do zoológico e da manutenção dos ursos", destaca o procurador autor do procedimento.

Entenda - A ativista Luisa Mell começou uma campanha nas redes sociais no fim de setembro para que dois ursos pardos, batizados de Dimas e Kátia, fossem retirados do município de Canindé e transferidos ao Rancho dos Gnomos, uma associação localizada no interior de São Paulo. Em vídeos e posts, a influenciadora digital critica as condições de vida dos ursos, proferindo diversas críticas aos integrantes do Santuário de Canindé e à população do município, e insuflando seus seguidores a fazerem o mesmo, o que causou enxurrada de mensagens, algumas de conteúdo racista, contra o Santuário, e contra a população de Canindé e do estado do Ceará.

 (Com informações da Assessoria de Comunicação  do MPF)

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